quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sobre a bondade humana

Este texto é sobre a bondade humana, ou melhor, é sobre a tal da “insensibilidade humana”. Aquela história do capitalista malvado, de como as pessoas são insensíveis, cruéis, egoístas...

Acho que a maioria das pessoas dispostas a uma discussão política é bem intencionada, quer o bem para as pessoas e para si. Se interagimos com o próximo, como vamos desejar que o próximo seja miserável, faminto, sem educação e base moral? Qual a vantagem do “capitalista” malvado não ter ninguém para negociar, para realizar trocas voluntárias e assim, saírem ambos ganhando?

Acredito mesmo que a maioria das pessoas não é cruel e desalmada como o padrão lugar-comum “capitalista gordão e sua risada maléfica”. As pessoas podem até divergir, mas na maneira como realizar, nos meios, não nos fins. A pessoa pode lavar roupa, investir na bolsa ou catar lixo, isso não impede que a fome alheia não lhe toque na alma.

E mesmo que haja um capitalista gordão charuteiro e desalmado, que só “especule”, invista na bolsa, viva de renda, no contexto econômico não importa se ele é egoísta e ganancioso, ele vai gerar empregos, renda, impostos, consumirá, contratará serviços e produtos, mesmo sem querer, mesmo que deseje, ao contrário, o pior a seus semelhantes, o que seria para ele um suicídio. Ninguém vive sozinho.

Certo que há os sociopatas e não são poucos. Aqueles cuja sede de poder alcançam níveis doentios, como Mao, Stalin, Hitler, Castro, etc. Mesmo aquele internauta com camisa do Che, sozinho no quarto, pensando em como conquistar poder dentro do DCE, do DA, da UNE, da ubes ou qualquer outra sigla. Geralmente esses escolhem as vias políticas.

Mas aí a tese de que as pessoas são mesquinhas e egoístas vai por água abaixo. Temos ignorantes, doutrinados, alienados, fanáticos, niilistas e racistas assim como há pessoas de bem e há gente que não cheira nem fede.

Se num universo pequeno de pessoas essas diferenças são complexas, imagine como não são num país, no mundo? Esse conceito da mesquinhez humana também não pode ser extendido. Como odiar a todo um povo? Como o anti-americanismo pode ser aceitável no Brasil? Como justificar isso como uma idéia razoável? É o mesmo que renegar Dostoievski, Stravinsky, Diaghilev, é o mesmo que odiar o chinês que sofre a cada dia as agruras de um sistema nefasto.

Que Deus abençoe as pessoas que um dia vibraram no 11 de setembro, mesmo as pessoas que riem da tal “ignorância do americano médio”, ou que demonizam a “classe média”, para que estas possam perceber a injustiça que estão cometendo. Pois quem enxerga as injustiças é abençoado.

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