quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Isso não tem graça nenhuma





A passagem de Lula pela presidência daria um livro de “terrir”, como o chamado cinema trash, com uma pitada de um humor mais sutil à la Monty Phyton e uma generosa dose de Mazzaropi. São inúmeras as tiradas tragicômicas do Supremo Apedeuta.

Como quando, em resposta ao assédio dos jornalistas em Assunção, disse que daria entrevista apenas àqueles que defendessem publicamente o Conselho Federal de Jornalismo (Confej) e depois, cercado de seguranças e lacaios acólitos, chamou os jornalistas que se recusaram a faze-lo de “um bando de covardes”. Na ocasião, um deputado comentou que Lula parecia estar “atacado de algum exu”.

Depois, numa pacata visitinha ao Gabão, o país do futuro, o Sumo Mandatário confidenciou ao amigo ditador, sr. Bongo (que não é bongo não), que estava lá para “aprender como se fica no poder”. Essa é uma das minhas preferidas.

Porém, o caso da expulsão do coitado do jornalista (ah, esses jornalistas...) de um jornaleco nova-iorquino de esquerda por causa da marvada tornou-se mais célebre, seja pelo fato dele ser de um jornaleco nova-iorquino de esquerda, seja pela presença da Kátia (katchaça).

É digno de nota que as influências intelectuais do Mazzaropi do ABC são dignas de nota. Há algum tempo fomos brindados pela “metamorfose ambulante”. Daqui a pouco vai estar, do alto de sua erudição, citando Paulo Coelho (que também não é bongo não) e dando os seus pulinhos.

E as metáforas? Metáforas profundas, consistentes, elucidativas, dignas de uma boa pelada-churrasquinho-cervejada com os amigos num domingo de sol, pois quase sempre o Grande Pai do Povo se vale de referências imagéticas futebolísticas. Mas não sejamos injustos, recentemente Lula fugiu da regra e, entrando de carrinho, com bola e tudo, recorreu à música erudita, sua velha paixão, filosofando que o Brasil está “como uma 5a Sinfonia de Beethoven, tudu certinhu, tudu afinadinhu”.

Temos que considerar o fato de que “ai, minha burfffite!” tem um enorme potencial para se tornar um bordão de sucesso no meio humorístico, além do já consagrado “compfanheirofff!”.Quero ressaltar que, pessoalmente, não concordo em absoluto com esse tipo de gracejo (muito comum para o brasileiro, por sinal), mas que já ouvi piadas sobre os nove dedos, já ouvi, não posso negar.

Há ainda uma grande quantidade de material gravado em vídeo, como as partidas de futebol na Granja: muitos tombos, muita barriga, engraçadíssimas. Vi esses dias uma das cenas de um filme, onde ele estava, minutos depois de receber a notícia da vitória da eleição presidencial, catatônico, sentado no chão, ao pé da mesa, pernas abertas. É de chorar. De rir.

E por falar nesse filme, filmado por um cineasta banqueiro socialista (ou seria socialista banqueiro cineasta?), temos ainda o depoimento de que a saudável rotina incluía algumas doses de pinga e um prato dessa altura de comida engolido às pressas para sobrar tempo para um futebolzinho digestivo.Então um dia, em pleno comício, sutilmente confidenciou que mandara um alto companheiro calar a boca a respeito de supostas denúncias de corrupção no governo anterior. Uma piada de mau gosto. Tudo isso cândida e impunemente. Uma mostra de que a emenda ficou pior que o soneto.

Para as mulheres, em seu dia: “Cuidado com a sede de poder. Não vão querer um dia chegar à presidência...”

E, para finalizar com chave de ouro, quem deu o tom pitoresco não foi o Lulinha Paz e Amor, mas o cardeal que disse que Lula não era católico, mas caótico. E o que fez o dito cujo, então? Voou para Roma com uma comitiva de zelosos cristãos para homenagear João Paulo II, comungando sem se confessar e dizendo depois que era um homem sem pecados e não precisava, por isso, da confissão e subseqüente absolvição.

Esqueci de algo?


P.S.: Algum tempo depois de terminar este textículo, houve ainda a história do peru, rodopiando bêbado, com a participação do candidato ao prêmio de melhor ator co-adjuvante. Vou parar por aqui, senão não paro mais.


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